A aposta de Cathie Wood e a revolução silenciosa da tokenização
Há momentos na história dos mercados em que o dinheiro deixa de ser apenas um instrumento e se torna linguagem. É o que está acontecendo agora com a tokenização. A notícia de que o ARK Venture Fund, braço de investimento da gestora de Cathie Wood, adquiriu participação na Securitize, empresa apoiada pela BlackRock e referência mundial em tokenização de ativos, confirma o que muita gente ainda não percebeu: a corrida por trazer o mundo real para dentro da blockchain não é mais teoria, é política industrial de alto nível.
A ARK Invest investiu cerca de 10 milhões de dólares na Securitize, o que representa 3,25% de seu portfólio e a coloca como oitava maior posição do fundo, atrás de gigantes da inteligência artificial como X.AI e Anthropic. O valor pode parecer modesto diante do tamanho de Wall Street, mas o gesto é simbólico. Cathie Wood está apostando na infraestrutura que tornará possível o próximo salto da economia digital: transformar ativos do mundo físico em tokens negociáveis, programáveis e acessíveis em escala global.
Tokenização: o elo entre o mercado tradicional e o universo cripto
Dessa forma, a tokenização começa a se consolidar como o elo perdido entre o mercado financeiro tradicional e o universo cripto. Em vez de criar novas moedas, ela digitaliza o que já existe. Obrigações, fundos, imóveis, ações, tudo pode ser representado na blockchain com liquidez imediata e custódia automatizada. É como se a bolsa de valores deixasse de fechar às 17 horas e passasse a funcionar 24 horas por dia, sem fronteiras e sem intermediários.
Veja bem: o que Cathie Wood está comprando não é apenas uma fatia de uma empresa promissora, mas um bilhete de entrada para o futuro da intermediação financeira. A Securitize, fundada em 2017 por Carlos Domingo, é uma das pioneiras do setor e hoje é responsável pela emissão de mais de 4,6 bilhões de dólares em ativos tokenizados. Entre seus clientes estão nomes que resumem o poder de Wall Street: BlackRock, Hamilton Lane e Apollo Global Management.
A ponte entre o dinheiro tradicional e o código
A empresa também é a emissora por trás do BUIDL, o fundo de liquidez digital da BlackRock que replica títulos do Tesouro americano em blockchain. Com mais de 2,8 bilhões de dólares em ativos, ele já é o maior fundo tokenizado do mundo. Em outras palavras, o maior gestor de ativos do planeta está testando a digitalização do dinheiro público, e Cathie Wood está apostando na empresa que tornou isso possível.
O raciocínio é claro: se o futuro da finança é digital, a tokenização é a ponte — e quem controla essa ponte, controla o fluxo de capital global.
Do experimento à política industrial
O movimento de ARK e BlackRock mostra que a tokenização deixou de ser um experimento descentralizado para se tornar uma política de reconstrução do sistema financeiro. De acordo com dados da RWA.xyz, o mercado de ativos tokenizados dobrou em 2025, alcançando 33 bilhões de dólares em valor total. Projeções da Ripple e do Boston Consulting Group indicam que o setor pode chegar a 18,9 trilhões até 2033. Trata-se de uma revolução silenciosa, tão grande quanto a digitalização bancária dos anos 2000 ou o surgimento das bolsas eletrônicas nos anos 1990.
O que está em jogo não é só eficiência, mas poder. A tokenização promete reduzir o tempo de liquidação de dias para segundos, eliminar intermediários e ampliar o acesso a investidores antes excluídos. Mas ela também redistribui o controle sobre os ativos. Quando títulos públicos, fundos ou ações passam a existir em blockchain, deixam de depender da infraestrutura dos bancos e das câmaras de compensação. O sistema deixa de girar em torno das instituições e passa a girar em torno da rede.
Cathie Wood e o novo “momento iPhone” das finanças
Cathie Wood, conhecida por apostar cedo em transformações estruturais, parece ver nisso a essência da próxima década. Assim como ela acreditou no potencial da Tesla quando a indústria automotiva zombava dos carros elétricos, agora aposta que a tokenização é o novo “momento iPhone” das finanças. A BlackRock, por sua vez, vê a digitalização como uma forma de manter relevância e escalar o controle sobre o mercado global.
No fundo, as duas estão apostando na mesma coisa: que o valor do futuro não será apenas medido em dólares, mas em dados.
Um novo plano de existência do capital
O movimento da ARK reforça uma tendência mais ampla. Os fundos de investimento começam a diversificar suas exposições não mais apenas entre setores, mas entre sistemas. O mundo analógico e o digital estão se fundindo. A tokenização não é apenas uma nova classe de ativos, mas um novo plano de existência do capital.
Enquanto um fundo tradicional é limitado por fronteiras, jurisdições e horários de negociação, um fundo tokenizado é global, líquido e auditável em tempo real. A cada segundo, contratos inteligentes redistribuem juros, dividendos e lucros automaticamente, sem intervenção humana. Isso é a automação da confiança.
O MP3 das finanças
Por baixo disso tudo, há um componente cultural. O que está acontecendo com as finanças lembra o que aconteceu com a música quando o MP3 surgiu. O vinil e o CD não deixaram de existir, mas perderam o monopólio da distribuição. O mesmo está prestes a acontecer com os bancos. A tokenização não destrói o sistema, apenas muda a forma como ele se reproduz.
Entre tecnologia e regulação
A tokenização não depende apenas de tecnologia, mas de regulamentação. Nesse ponto, a presença simultânea de Cathie Wood e BlackRock no mesmo ecossistema é um sinal de maturidade. De um lado, uma gestora visionária que aposta na disrupção; do outro, o maior gestor do mundo, símbolo do establishment financeiro. E quando esses dois universos se tocam, é porque o risco virou inevitabilidade.
Securitize: a infraestrutura do futuro
A Securitize, além de atuar com títulos do Tesouro, também está expandindo a tokenização de ações. Foi ela quem criou as cotas on-chain da Exodus, empresa de carteiras digitais listada em bolsa, e firmou acordos com a FG Nexus para levar ações preferenciais e ordinárias à blockchain da Ethereum. É a fronteira onde o mercado de capitais tradicional encontra o código aberto.
O que antes exigia um banco custodiante, uma corretora e uma câmara de liquidação, agora cabe em um contrato inteligente que roda 24 horas por dia. O investidor pode ser dono de um ativo tokenizado de qualquer lugar do mundo, com liquidez quase instantânea e registro imutável.
O cavalo de Troia da era digital
A tecnologia que nasceu para descentralizar o poder financeiro está sendo usada por Wall Street para se reinventar. A diferença é que, desta vez, o establishment não ignora o potencial da inovação — ele se apropria dela. Cathie Wood, longe de ser uma outsider, é o elo entre os dois mundos. Ela entende que a verdadeira revolução não está em destruir o antigo, mas em colonizá-lo com novas regras.
A tokenização, nesse sentido, é o cavalo de Troia da era digital. Por fora, parece familiar. Por dentro, é outra coisa. Quando os fluxos financeiros passarem a ser programáveis e interoperáveis entre redes, o dinheiro deixará de ser uma entidade estática e se tornará um sistema vivo. Cada token representará não apenas um ativo, mas uma lógica de governança — um contrato social entre emissores e investidores.
Uma revolução regulada
A corrida por tokenização não é apenas técnica, mas filosófica. Ela levanta questões sobre privacidade, soberania e inclusão. Quem controla o código, controla o valor. E se a infraestrutura for global, a soberania se dilui.
Os Estados correm para se adaptar. Os Estados Unidos aprovaram o GENIUS Act, criando o primeiro marco regulatório para stablecoins. A Europa implementou o MiCA, que regula criptoativos e emissores de tokens. E o Brasil, com a Lei 14.478, estabeleceu um ambiente legal moderno e atrativo para empresas de blockchain. O tabuleiro global está se reorganizando.
A “AWS” das finanças tokenizadas
O que diferencia a Securitize é sua capacidade de operar nos dois mundos: o tradicional e o descentralizado. Ela fornece a infraestrutura para que bancos e gestores possam criar, emitir e negociar ativos tokenizados sem perder conformidade regulatória. É uma espécie de “AWS das finanças tokenizadas”. Se o dinheiro vai migrar para a blockchain, ela quer ser o servidor por onde tudo passa.
O novo mapa do poder global
O investimento de Cathie Wood vai além da especulação. É um voto de confiança em uma nova arquitetura financeira, onde o valor não precisa mais de intermediários, mas de protocolos. Onde a liquidez é contínua e a confiança é matemática. E, paradoxalmente, essa nova era não começa nas startups, mas nos bastiões do capitalismo global. Quando a BlackRock e a ARK Invest se unem em torno de uma mesma narrativa, o mercado entende o recado: a revolução já está acontecendo — e é liderada de dentro.
No fim das contas, o que Cathie Wood está fazendo é o que sempre fez: apostar no inevitável. Assim como previu o avanço da energia limpa, da robótica e da inteligência artificial, agora ela vê a tokenização como o próximo grande vetor de transformação. E, convenhamos, não é difícil entender por quê.
Quando o dinheiro se torna código, a economia deixa de ter fronteiras. E quando isso acontece, o mapa do poder global começa a ser redesenhado. A tokenização é o momento em que o sistema financeiro olha para a blockchain e finalmente entende: não se trata de uma ameaça, mas de um espelho.
Aviso Legal
Este artigo é apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento financeiro. Investir em dólares ou produtos relacionados envolve riscos.
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