Da cripto à TradFi
Durante anos, quando alguém falava em blockchain, a mente ia direto para o Bitcoin ou, no máximo, para o Ether. Moedas digitais, protocolos descentralizados, promessas de um sistema financeiro paralelo. Mas veja bem: essa pode ter sido apenas a primeira fase de uma transformação muito maior. O que começa a despontar agora é algo que Sergey Nazarov, cofundador da Chainlink, chama de a verdadeira próxima etapa: a tokenização dos ativos de finanças tradicionais, ou TradFi.
A diferença de escala
O argumento é simples, mas devastador. Hoje, todo o mercado cripto gira em torno de quatro trilhões de dólares. Parece muito, mas é apenas uma fração da engrenagem global. O mercado de gestão de ativos tradicional, segundo dados do Boston Consulting Group, atingiu em 2024 a marca recorde de 128 trilhões de dólares em ativos sob administração. É como comparar um lago com um oceano. Enquanto a cripto floresceu com base na demanda de investidores de varejo, a TradFi é movida por pensões, fundos soberanos, companhias de seguro, endowments e gestores institucionais que operam volumes incomparavelmente maiores.
O cálculo de Nazarov
Agora, repara só nisso. Nazarov faz uma conta rápida: o varejo pode, quem sabe, levar a cripto de quatro para oito ou dez trilhões de dólares em valor de mercado. Mas não muito além disso. Para chegar a cinquenta trilhões, é preciso trazer os ativos tradicionais para dentro da blockchain. Em outras palavras, o futuro da indústria não está apenas em inventar novas moedas digitais, mas em tokenizar o que já existe e movimenta o mundo real: ações, títulos, fundos, moedas fiduciárias, contratos.
O gatilho regulatório
O contexto político acelera essa narrativa. Antes da eleição de Donald Trump, reguladores norte-americanos alertavam investidores institucionais a manter distância da cripto. O recado era claro: não toquem nisso. Era visto como arriscado, ilegal ou, no mínimo, fora dos limites aceitáveis. Mas a virada veio com a nova administração. Nazarov relembra que, já nos primeiros meses do ano, antes mesmo da confirmação oficial de Paul Atkins como novo presidente da SEC, reuniões já ocorriam com comissários como Hester Peirce, preparando terreno para uma guinada regulatória. De repente, o discurso mudou: não apenas não é ilegal, como queremos que vocês façam. Essa mudança de tom, na boca dos reguladores, é talvez o gatilho mais poderoso para liberar fluxos institucionais em direção à tokenização.
O papel dos oráculos
Ainda assim, é crucial entender que não se trata de um processo simples. Tokenizar ativos envolve desafios de ordem técnica, legal e cultural. É preciso conectar blockchains diferentes, integrar dados de maneira confiável, garantir compliance automático, lidar com auditorias e relatórios. É aí que entram os chamados oráculos, especialidade da Chainlink.
Pense na blockchain como uma ilha isolada. Dentro dela, tudo é transparente e verificável. Mas o mundo exterior (preços de ativos, identidades de clientes, ordens de pagamento) não entra sozinho. É necessário um intérprete, um mensageiro. Esse mensageiro é o oráculo. Alguns oráculos apenas puxam dados do mundo real para dentro da blockchain. É o caso de preços de ações, taxas de câmbio, índices de inflação. Outros, mais complexos, fazem o movimento contrário: levam informações e comandos da blockchain para sistemas externos, como destravar uma porta de carro após um pagamento digital ou registrar automaticamente um título em um sistema bancário.
Pilotos em escala global
Essa ponte é o que permite que ativos reais possam ser tokenizados com segurança. Um exemplo recente envolveu três oráculos atuando em conjunto: um escrevia dados de avaliação dentro de um contrato, outro sincronizava esse contrato em outra blockchain e um terceiro integrava as informações ao sistema contábil de uma instituição. A tokenização não é apenas uma evolução tecnológica. É uma reinvenção da própria arquitetura financeira.
O paradoxo da integração
No entanto, também há um paradoxo. Quanto mais a cripto se integra à TradFi, mais corre o risco de perder parte de sua rebeldia original. A descentralização que inspirou o Bitcoin pode se diluir em protocolos controlados por grandes instituições. Para os puristas, isso soa como traição. Para os pragmáticos, é vitória afinal, significa que a tecnologia venceu e conquistou espaço no coração do sistema. O dilema está em definir se a cripto continuará sendo alternativa ou se se tornará infraestrutura dominante. Talvez seja as duas coisas ao mesmo tempo.
A combustão completa
É nesse sentido que a fala de Nazarov ressoa. Quando ele diz que “cripto é o que a indústria é hoje, mas tokenização é para onde ela vai”, não está apenas fazendo previsão. Está apontando para uma inevitabilidade. O dinheiro digital foi a fagulha. Os contratos inteligentes foram o combustível. A tokenização pode ser a combustão completa, o momento em que a chama se espalha por todo o tecido financeiro.
Encruzilhada histórica
No fim das contas, estamos diante de uma encruzilhada histórica. Se os pilotos se expandirem, se os reguladores mantiverem o apoio e se a macroeconomia não travar, veremos trilhões de dólares em ativos do mundo real fluindo para dentro da blockchain nos próximos anos. Isso não apenas multiplicaria o valor de mercado da indústria. Redefiniria o que entendemos por cripto. De alternativa ousada, passaria a ser o próprio palco central das finanças globais.
Aviso Legal
Este artigo é apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento financeiro. Investir em dólares ou produtos relacionados envolve riscos.
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