Uptober começa com o governo dos EUA paralisado e o Brasil de braços abertos para mineradores: o tabuleiro global da nova economia digital

O Bitcoin abriu outubro desafiando a lógica e a política. Enquanto os Estados Unidos enfrentam um novo impasse orçamentário e a Europa tenta domesticar as stablecoins, o Brasil surge com uma postura surpreendente: em vez de banir a mineração, quer atraí-la.

Um mês simbólico para a virada cripto

Outubro começou com o tipo de ironia que só o mercado cripto consegue transformar em espetáculo. O governo dos Estados Unidos entrou em paralisação parcial, interrompendo serviços e adiando decisões cruciais, enquanto o Bitcoin disparava acima de 120 mil dólares, reafirmando sua independência dos ventos políticos. A expressão “Uptober”, criada como uma brincadeira entre traders e virada de ciclo, parece ter ganhado contornos simbólicos: não é apenas o mês em que o Bitcoin costuma subir, é o momento em que o sistema financeiro tradicional começa a perder o fôlego diante de uma nova lógica monetária.

EUA travam, Bitcoin acelera

O cenário americano é emblemático. O shutdown do governo dos Estados Unidos, provocado pela falta de acordo entre republicanos e democratas sobre o orçamento, paralisou órgãos federais e atrasou decisões regulatórias. A Comissão de Valores Mobiliários (SEC), que deveria decidir neste mês sobre pedidos de ETFs vinculados a altcoins como Solana, Litecoin e XRP, teve seus prazos suspensos. Mesmo assim, o Bitcoin subiu 11% na semana, atingindo um novo recorde histórico.

A explicação é psicológica e estrutural ao mesmo tempo. Em momentos de incerteza política, investidores buscam ativos que não dependem de governos para funcionar. O Bitcoin, por ser descentralizado, opera fora da lógica do Estado e do sistema bancário. Seu código não fecha por falta de verba. Seu consenso não depende de votações no Congresso. Cada vez que o Estado americano trava, o Bitcoin se fortalece como alternativa civilizacional à burocracia.

O curioso é que, enquanto os índices de Wall Street subiram timidamente, o Bitcoin se destacou com vigor. O mercado parece ter entendido que, mesmo diante da paralisia do governo, o mundo não pode parar de girar. E se o Estado não entrega confiança, a tecnologia assume o papel. O padrão se repete desde 2018, quando uma paralisação semelhante coincidiu com a última queda significativa de outubro. Desde então, o Bitcoin não teve um único Uptober negativo.

Brasil abre o jogo energético para a mineração

Enquanto Washington trava, Brasília acelera. No mesmo período em que o Congresso americano não consegue aprovar seu orçamento, o Brasil prepara um plano para transformar excesso de energia elétrica em oportunidade econômica, abrindo espaço para mineradores de Bitcoin. É uma inversão histórica. Durante anos, a mineração foi tratada como vilã ambiental e símbolo do desperdício energético. Agora, ela começa a ser vista como ferramenta estratégica para equilibrar redes elétricas e atrair capital estrangeiro.

Segundo a Reuters, empresas de energia brasileiras estão negociando com mineradoras internacionais para ocupar parte do excedente elétrico nacional, que em algumas regiões chega a 70%. Isso significa que, em vez de desligar turbinas ou exportar energia barata, o país pode convertê-la em Bitcoin. A mineração é intensiva em energia, mas flexível em tempo e espaço: pode operar onde há excedente e desligar-se em momentos de escassez. Para sistemas com ociosidade, como hidrelétricas em baixa demanda, é uma forma de monetizar energia que seria perdida.

A Lei 14.478 (marco legal dos criptoativos) estabeleceu regras claras para prestadores de serviços digitais, e o Banco Central assumiu a função de órgão regulador. Essa combinação de previsibilidade e abertura faz do Brasil um polo energético da economia digital, com matriz elétrica limpa e abundante, clima político estável e legislação cripto amadurecida — transformando Bitcoin em política industrial.

Europa acelera o euro digital enquanto mira stablecoins privadas

Na Europa, o Banco Central e grandes bancos privados avançam na criação de um euro digital, enquanto tentam conter o avanço de stablecoins privadas. O BCE firmou novos contratos para pagamentos offline, prevenção de fraudes e identidade digital. Ao mesmo tempo, relatórios do ESRB recomendam restrições a modelos de emissão multi-jurisdição que miram emissores como Tether e Circle. O risco é a fuga de usuários para ambientes mais abertos.

Em paralelo, bancos como ING e UniCredit correm para lançar stablecoins lastreadas em euro e preencher o espaço competitivo. A questão central não é a tecnologia, mas a governança: quem controla a emissão e as regras do dinheiro tokenizado.

Três modelos em disputa

  • EUA: domesticar via regulação e integração bancária.
  • Europa: alternativa pública ao avanço das stablecoins privadas.
  • LatAm–Ásia: inovação descentralizada como vantagem estratégica (Brasil, Singapura, Japão).

É um tabuleiro global onde cada país define sua relação com o dinheiro do futuro. O Brasil combina abundância energética, arcabouço jurídico e abertura tecnológica; a Ásia integra indústria e blockchain; e no Ocidente, o receio de perder controle pesa mais que a vontade de inovar.

Dominância do Bitcoin e maturidade de mercado

A dominância do Bitcoin em 59% neste início de outubro é metáfora do reequilíbrio entre o digital e o institucional. Não significa o fim das altcoins, mas um mercado mais maduro, com o Bitcoin de âncora e projetos emergentes buscando utilidades reais. A altseason pode estar adiada, não cancelada — como a política americana, o mercado se reorganiza em ciclos.

Conclusão: quando governos param, protocolos continuam

O Uptober de 2025 é mais que um bom mês para traders. É a radiografia de um novo mundo financeiro: energia que vira capital digital, confiança que migra de instituições para algoritmos, e países como o Brasil que deixam de ser espectadores para ditar o ritmo. A pergunta já não é se o Bitcoin continuará subindo, mas se os Estados continuarão parados enquanto o mercado redefine as regras. A blockchain não precisa de governos para funcionar; pela primeira vez, talvez sejam os governos que precisarão dela para continuar funcionando.

Este artigo é apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento financeiro. Investir em dólares ou produtos relacionados envolve riscos.

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